A vida sempre me pareceu uma cartilha.
E nela procurei seguir seus riscos, traçados, delineados.
Mas tudo começou com as garatujas.
O tempo foi passando, passando...
De vez em quando, conferia, conferia... E descobri que ainda estava na cartilha. Seguindo à risca os traçados por ela delineados.
Um dia meu filho, chegando de viagem, presenteou-me com um livro e me disse: “pai, não leve a vida tão dura consigo mesmo... Não vale apena”.
Ponderei, ponderei... Esbravejei, esbravejei e descobri que dançava a dança dura da vida.
Então, com muita relutância entendi que é possível dançar outras danças, sem perder o equilíbrio, mas sem cartilhas, pois sou a minha própria cartilha.
De vez em quando ensaio outra dança e custa-me evitar os tropeços no salão, pois ainda carrego a rigidez da alma. O medo de enfrentar o mundo. O medo de olhar pra mim mesmo, ainda existe.
Mas, essa dança é muito difícil, porém muito dócil, é mais sábia do que a da cartilha: é a valsa.
Ela é produto da autoconfiança, exige fibra, mas não rigidez. Compromisso, mas não intolerância.
É a valsa da vida.
Juiz de Fora, 29 de maio de 2011.
Evaldo de Paula Moreira
Reflexões