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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Paradoxos da vida


                                      Photo by Vera Candian Moreira




Paradoxos da vida



Somos  todos diferentes.
Sem dúvida, ninguém é igual.
Há uma busca constante de padronização das pessoas no mundo.
Classificação por faixa etária .
Por faixa de renda.
Por capacidade de consumo.
Também existe a pesquisa de povos para saber se são felizes.
Nem sempre são os que consomem mais.
Sabe aqueles pontinhos de luzes que vemos nos mapas pela internet?
Quanto mais houver concentração deles, maior é o indicativo de riqueza, de acordo com a quantidade da produção e do consumo de energia pela população.
Indica felicidade também?
Deveria indicar, mas...
Adoro usar a internet.
Olhar o céu com o telescópio...
Dirigir o carro com ar condicionado em boas estradas.
Mas sufoca o peito navegar em mares de violência como estão hoje os oceanos da vida.
Até os pássaros são agitados.
Na década de 50 o Brasil era mais rural do que urbano.
Tenho saudades daquele tempo quando podia andar descalço sob a chuva e brincar de escorregar no barro.
Refrescar os pés andando pelos córregos.
As árvores eram referências de localização das coisas ou pessoas:

- A casa fica lá perto do pé de ipê amarelo, diria alguém.
- Fulano está lá no pé de manga, diria outro alguém.

As águas eram limpas e potáveis por todos os lados.
Fumaça nos céus eram poucas: a da locomotiva do trem; a da chaminé do fogão de lenha...
Tudo bem que se apagou a luz de lamparina.
As luzes da cidade iluminam mais do que a luz da lua, mas ela ainda permanece lá no céu, fiel ao seu princípio de criação, iluminando com suavidade toda a Terra.
O problema é que com o progresso ficou mais perigoso andar no escuro.
Mas todo mundo, bandido e mocinho, é mais feliz hoje em dia,com o conforto que existe  e com as facilidades para executar qualquer tarefa.
Tanto o gato quanto o rato ficaram mais aparelhados, impiedosos e mais espertos.
O mundo venceu todas as barreiras, inclusive a da ética proposta por Aristóteles e Platão.
Adeus Aristóteles!
Adeus Platão !
O mundo está livre não só  para se expressar mas também para agir sem limites.
Não tenho nada contra a livre expressão.
O tempo da inquisição já passou.
Agora somos livres.
Até mesmo para acender novas fogueiras.
Fico meio confuso, às vezes, porque não tenho mais o pé de manga, nem o pé de goiaba para subir neles, como fazia na infância, embora nos dias de hoje possa passear de automóvel e viajar de avião.
A goiaba ficou maior e mais bonita, né? Mas é por causa dos agrotóxicos, eu acho.
E com a produção em alta escala ninguém precisa se preocupar mais em cultivar o seu próprio pedaço de terra.
Sempre haverá alguém para administrar tudo com mais eficiência. O problema acontece quando arrebenta algum dique e espalha veneno pra todo lado.
Mesmo assim não precisamos nos preocupar, não. Existem as multas, então, uma vez multado o infrator, fica tudo certo.
O Brasil já está punindo o crime do colarinho branco.
Estamos ficando iguais aos países civilizados.
Aí fica tudo certo mais uma vez.
Mas não quero ser catastrófico.
Desde pequeno ouço falar do fim do mundo. Ele teria acabado várias vezes, se vingassem algumas teorias e previsões.
Com tudo isso, ainda há como cuidar das flores, mesmo que seja num pequeno vaso, em qualquer espaço da casa.



Evaldo de Paula Moreira
Paradoxos da vida


3 comentários:

Ana Cecilia Romeu disse...

Caro amigo Evaldo!
Bela reflexão!

Paradoxos... e o mundo é cheio deles. O progresso que facilitou por um lado, e dificultou por outro...
Que aproxima amigos que temos a milhares de quilômetros, mas por vezes, nos distancia dos que temos as metros.
E por aí vai...

Tenho boas lembranças de quando visitava minha tia e primos na campanha do Uruguay, moravam num sítio que sequer luz havia, eram felizes, mas... se formos analisar, as dificuldades eram tremendas também.

O jeito é conviver com esses paradoxos do mundo atual e tentarmos ao máximo um mundo melhor a todos, a começar por nossa comunidade.

Grande abraço, amigo e um agradecimento especial pelo comentário atento de sempre!

Ana Cecilia Romeu disse...

Caro amigo Evaldo, obrigada pelo comentário por lá.
Vou reproduzir minha reposta, a que deixei no meu blog, aqui.
Grande abraço e ótimo fim de semana!

Eis a resposta:

Caro Evaldo,
muito obrigada pelas palavras sempre atentas e sensíveis que você deixa por aqui, meu amigo.

Tenho certeza de que quando a Adri Aleixo as ler, também vai gostar. Ela também é uma amiga das Minas Gerais!

Grande abraço!

Elisa T. Campos disse...

Caro amigo Evaldo

Pradoxal, como você bem disse. E pensar que vivi essa infância descrita por você. A Estação só com a fumaça de trem passando. A fumaça do fogão a lenha. O rio límpido onde se via os peixes com muita nitidez. As estradas em que podíamos caminhar sem perigo de encontrar malfeitores.

As frutas "in natura"
das goiabeiras dos sítios
outrora inteiras

Cadê as mangas
suspensas a granel
com sabor de mel?

Contudo ainda podemos ver como esse vaso de Vera Candian um manjericão ao lado da flor de hibiscus?
Ainda bem que ainda podemos cultivar dentro das nossas casas flores e plantas para temperos.

Um grande abraço para você , a Vera e toda família.