- Como vai?
- Vou pelejando.
Vi muitas coisas neste mundo, nesta vida de encantos e
desencantos. Vi a semente desabrochar da terra; o arco-íris colorir a
atmosfera...
Em minha infância pisava sem querer nos espinhos, nas relvas,
onde procurava com meus pés descalços sentir o frescor da terra.
Ainda fito as estrelas e ouço o cantarolar dos pássaros.
É a vida que se entrelaça em suas multifaces.
Vida que abraça todos os desejos, como o sol que ilumina
todos os seres.
Vida na qual cabem infinitas perguntas.
Vida que nos abriga, com ou sem perguntas; com ou sem
respostas.
Nos tempos de menino, lá nas roças que me deixaram saudades,
ouvia as pessoas dizendo quando se cumprimentavam:
- Como vai?
E a resposta mais comum vinha assim:
- Vou pelejando.
O verbo pelejar, que significa luta, batalha, caiu em
desuso, muito embora espelhe a realidade fiel de quem o pronuncie. E
corretamente, no gerúndio, eis que dá a ideia de ação, de movimento,
como é a vida.
As formas de expressão da linguagem podem sofrer mudanças e
isso é progresso, mas as batalhas continuam sendo ingredientes para fazer o
homem amadurecer.
Em qualquer circunstância que estejamos e em qualquer tempo
a vida será sempre uma peleja, porque sempre haverá batalha dentro de nós..., e
nunca foi diferente.
Diferentes, são somente as palavras.
Evaldo de Paula Moreira
Reflexões
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