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SEGUIDORES DE CAMINHADA

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Série Pensamentos - Reflexões - Buscas






Buscas

Às vezes as indagações são tão inquietantes quanto encontrar respostas e não poder segui-las ou não encontrá-las.

No entanto, no hiato da procura, a vida flui abastecendo-nos na ponte que nos liga ao amanhã.




Juiz de fora, 22 de fevereiro de 2012.
Evaldo de Paula Moreira
Série Pensamentos - Reflexões sobre as buscas.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Fotos de uma borboleta e texto "Entrevistando a mim mesmo"

                   

                        Parece uma folha seca, mas é uma borboleta              
                        que pousou no teto de minha sala.





“Entrevistando a mim mesmo”.

Visitando as salas.
(Elas estão no corredor da memória).


 ...

- Sei lá, entende?

- Parece que sei, mas de repente não sei se sei.

- Não, não é “matrix”.

Memória?

- As salas guardam as memórias, sim, mas a massa onde as salas ficam creio que é apenas um ponto material, de ligação com o imponderável, no nosso cérebro.

Coisas físicas que armazenam coisas extrafísicas?

- Sei, não, sabe?

- Dizem os estudiosos que temos bilhões de neurônios, mas tudo continua em investigação, porque sempre surgem novidades.

- Bom, mas não é isso que desejo falar agora.

- Nem responder o que não sei, nem responder o que não tenho certeza.

- Apenas figurativamente quero dizer que gosto muito de visitar uma das salas do corredor da minha memória.

- Esta sala é a sala da alegria, lá da minha infância, não a da alegria de agora, que existe também, porque o mundo é repleto de coisas belas. Mas a do agora falarei em outro momento.

- Nela está escrito: entrada proibida para a tristeza.

- Se existe sala de tristeza nesse corredor?

- Existe, sim, mas não ligo para ela. Ela não me faz mal nenhum e também não me traz nenhuma alegria. Apenas entro lá para fazer alguma pesquisa, quando necessária.

- Na sala da alegria, a alegria está garantida, por isso escrevo meus contos de infância.

- Bom... Hoje, naturalmente já se incorporaram muitas salas no meu psiquismo. 

- Existe, sim, uma sala no corredor, espelhando o que acontece agora. Fica bem na esquina da vida que fervilha. Haja fé pra suportar tanta coisa que vemos. Quando era pequeno, entretanto, aprendi a ver o suor no rosto das pessoas trabalhando sob o sol quente nas roças, ou pingando gotas de águas da chuva.

- Os animais também suavam no trabalho e se molhavam na chuva.

- Mas não me lembro de nenhuma tragédia, talvez por ser criança e lá na roça meu mundo era tão pequeno, embora parecesse infinito...

- Sim, havia rezas para súplicas, mas também para agradecimentos.

- Na sala do agora é tudo imenso e muito difuso. Há o belo, tem a natureza magnífica onde se luta uma luta desigual para não acabarem com ela. Pelo menos há uma conscientização de que é preciso preservá-la e recuperá-la. A fonte não é inesgotável e estamos todos interligados. A natureza não é nossa propriedade, somos parte dela.

- Se penso no progresso?

- Ah, sim, claro.

- A humanidade construiu e inventou tantas coisas...

- Entre elas a internet que é maravilhosa.

- É como uma imensa floresta, maior ainda, para ser conhecida.

- Mudou muita coisa, na vida, de modo geral.

- Perderam-se algumas referências...

- Destaca-se o bullying nas escolas, as drogas...

- Os trotes violentos...

- Bom, não vou generalizar, pois assim estaria vendo tudo maléfico, o que não é verdade, mas compreendo o que a maioria compreende: o mundo precisa descobrir outros caminhos.

- Mas, não é fácil ser criança. É preciso que os pais, ou outras pessoas onde elas possam se espelhar estejam sempre presentes na vida delas, amigas, como nunca se precisou tanto. Aliás, todos os adultos deveriam dar bons exemplos para qualquer criança.

- As informações e imagens chegam a tempo real em todos os lugares, muitas delas sem controle algum.

- reformulam-se os conceitos de vida, e ao mesmo tempo perdem-se valores importantes.

- Parece que a liberação é geral. Estuda-se um controle aqui, outro ali, mas, esse mar de comunicações em geral, é imenso.

- E o nosso dia-a-dia também, com a globalização das informações e das ideias, numa sociedade moderna, de produção e consumo em alta escala, onde o foco é a propriedade e a posse, deseja-se o ter cada vez mais, esquecendo-se de difundir o conhecimento do ser.

Por que você escreve tanto sobre a infância?

- Porque foi uma fase feliz da minha vida.

- Tanto no campo quanto na cidade pude contar com liberdade e espaço: no campo, espaço da natureza; na cidade, espaço das ruas, onde se podia andar com liberdade e sem medo algum.

- Respeito, amizade pelas crianças eram coisas naturais.

Tem mais algo a dizer?

- Muita coisa, mas o principal delas é dizer que é preciso mais difusão, mais debate desse assunto, dedicação, com relação às crianças, porque elas serão o futuro do mundo e esse mundo terá mais chances de ser feliz se começar feliz, lá na infância. As sociedades colherão amanhã o que semearem hoje. Colhemos hoje o que semeamos ontem. É preciso melhorar.

- A sala da alegria deveria fazer parte de todas as salas do corredor de nossas memórias, assim como a incorporação definitiva de todos os valores conquistados através dos tempos.

Juiz de Fora, 28 de janeiro de 2012.
Evaldo de Paula Moreira
Fotos  - borboleta  - Entrevista – “Entrevista” comigo mesmo.