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SEGUIDORES DE CAMINHADA

domingo, 19 de junho de 2011

Um dia de domingo. Conto.





Domingo era dia de festa.
Era dia de missa.
A igreja ficava longe.
Alguns, lá, iam pelas estradas, mas descalços, por causa da poeira.
Usavam, todavia, paletó, sem gravata.
Sapatos, só para os que tinham charrete, ou cavalo.
Mas, os caminhos, eram floridos do mesmo jeito, para qualquer um que passasse por eles.
A bênção do padre era a mesma para todo mundo, pois, quando voltavam, pareciam que todos estavam ungidos.
Existia também uma venda onde a frente ficava completa de cavalos, atrelados aos tocos, aguardando seus donos.
Os cavaleiros desciam deles, firmando um pé no estribo do arreio. Giravam o corpo sobre ele e com o outro pé socava-se o chão fazendo aquele tinido, próprio da espora, presa ao tacão da botina.
Não faltava o chapéu, que amainava o sol, e compunha a elegância do cavaleiro. Usavam também um pequeno chicote, chamado “tala”, preso junto ao punho, para acionar o cavalo, igualmente como fazia a espora.
Acho que havia tanta gente quanto na igreja distante.
Entretanto, sobre essas coisas eu não entendia e nem pensava que precisa entender. Só via. E com a minha bola de gude, chamada naquela época de “birosca”, cuidava de preencher a minha vida, brincando na estrada de terra com outras crianças, compondo aquele cenário. A poucos metros passava a linha do trem, que de vez em quando, anunciava-se imponente, com seu famoso apito, exibindo a chaminé, a soltar espessa fumaça..., riscando o dia, guardando-se em lembrança, nos arquivos do tempo.



  
Juiz de Fora, 19 de junho de 2011
Evaldo Paula Moreira    
Contos de Amor